Recordo-vos hoje a rábula do Sr. Contente e do Sr. Feliz, protagonizada pelo já saudoso Nicolau Breyner e por Herman José, através da RTP1, rábula com que nos deliciaram inúmeras vezes.
Quem como eu, tem idade suficiente para estar saudoso do velho teatro de revista no Politeama e não só, quem como eu acompanhou todos os episódios daquela rábula do Sr. Contente e do Sr. Feliz, tem agora a soberana oportunidade de ver ressuscitar essa “arte” na polémica instalada entre Frederico Varandas (o Presidente do Sporting Clube de Portugal) e Jorge Nuno Pinto da Costa (o Presidente do Futebol Clube do Porto) – Varandas apelidou Pinto da Costa de “corruptor”, por sua vez Pinto da Costa apelidou Varandas de “pirómano”.
Ora meus caros leitores, usando dos meus conhecimentos linguísticos e profissionais tentarei desmontar estes “argumentos”, quais projéteis dirigidos aos seus alvos.
Comecemos pelo “pirómano” – ser, ou revelar-se pirómano, tem um único significado no campo da psiquiatria – trata-se de uma perturbação mental, que leva o doente a adorar o fogo, as chamas, doença, pois que apenas de doença psiquiátrica se trata, que eventualmente se poderá resolver, minimizar ou mesmo eliminar, se o “doente psiquiátrico” aceitar ter acompanhamento (terapêutica) por médico especialista do foro psiquiátrico.
Pelo contrário, não encontramos nos tratados de de Psiquiatria qualquer definição, que colha o termo “corruptor”, antes surge em qualquer dicionário de Língua Portuguesa, com o significado de prática criminosa, que desvirtua a Verdade, que preconiza a prática da mentira, da vigarice, que negoceia favores indevidos.
Ora nesta polémica, o resultado não é brilhante para Pinto da Costa, logo ele de mente sempre arguta, mas, que nesta polémica revela manifestos sinais de senilidade – a idade não perdoa – é que ser “corruptor” é ser criminoso, é ficar sob a alçada da Lei, enquanto ser “pirómano” é um estado de não saúde, inclusive, se confirmado, razão bastante para um julgamento com final feliz – não se pode criminalizar um doente mental, enquanto o corruptor, aquele que utiliza a corrupção para alcançar os seus desideratos, segundo os códigos da Justiça, nunca deixará de ser um criminoso.
E aqui está a diferença. Nem seria necessário, que Frederico Varandas, Presidente do Sporting Clube de Portugal, aconselhasse o senhor Secretário de Estado do Desporto, a ouvir uma das diversas gravações do escândalo de corrupção, batizado com o nome de “Apito Dourado”. Qualquer um dos cidadãos portugueses, tem essa possibilidade no You Tube de as ouvir na totalidade. O resto, a sentença final, o rótulo de inocente para os autores do “Apito Dourado”, será para sempre uma vergonha para os poucos adeptos do F.C. Porto, que ainda sabem o seu significado.
Nota: talvez seja aconselhável ao senhor Secretário de Estado do Desporto, um tal João Paulo Correia, rever a etimologia das palavras “pirómano e corruptor”, para que nos venhamos a entender.