Monthly Archives: Maio 2022

“Como vai este país”

Recordo-vos hoje a rábula do Sr. Contente e do Sr. Feliz, protagonizada pelo já saudoso Nicolau Breyner e por Herman José, através da RTP1, rábula com que nos deliciaram inúmeras vezes.

Quem como eu, tem idade suficiente para estar saudoso do velho teatro de revista no Politeama e não só, quem como eu acompanhou todos os episódios daquela rábula do Sr. Contente e do Sr. Feliz, tem agora a soberana oportunidade de ver ressuscitar essa “arte” na polémica instalada entre Frederico Varandas (o Presidente do Sporting Clube de Portugal) e Jorge Nuno Pinto da Costa (o Presidente do Futebol Clube do Porto) – Varandas apelidou Pinto da Costa de “corruptor”, por sua vez Pinto da Costa apelidou Varandas de “pirómano”.

Ora meus caros leitores, usando dos meus conhecimentos linguísticos e profissionais tentarei desmontar estes “argumentos”, quais projéteis dirigidos aos seus alvos.

Comecemos pelo “pirómano” – ser, ou revelar-se pirómano, tem um único significado no campo da psiquiatria – trata-se de uma perturbação mental, que leva o doente a adorar o fogo, as chamas, doença, pois que apenas de doença psiquiátrica se trata, que eventualmente se poderá resolver, minimizar ou mesmo eliminar, se o “doente psiquiátrico” aceitar ter acompanhamento (terapêutica) por médico especialista do foro psiquiátrico.

Pelo contrário, não encontramos nos tratados de de Psiquiatria qualquer definição, que colha o termo “corruptor”, antes surge em qualquer dicionário de Língua Portuguesa, com o significado de prática criminosa, que desvirtua a Verdade, que preconiza a prática da mentira, da vigarice, que negoceia favores indevidos.

Ora nesta polémica, o resultado não é brilhante para Pinto da Costa, logo ele de mente sempre arguta, mas, que nesta polémica revela manifestos sinais de senilidade – a idade não perdoa – é que ser “corruptor” é ser criminoso, é ficar sob a alçada da Lei, enquanto ser “pirómano” é um estado de não saúde, inclusive, se confirmado, razão bastante para um julgamento com final feliz – não se pode criminalizar um doente mental, enquanto o corruptor, aquele que utiliza a corrupção para alcançar os seus desideratos, segundo os códigos da Justiça, nunca deixará de ser um criminoso.

E aqui está a diferença. Nem seria necessário, que Frederico Varandas, Presidente do Sporting Clube de Portugal, aconselhasse o senhor Secretário de Estado do Desporto, a ouvir uma das diversas gravações do escândalo de corrupção, batizado com o nome de “Apito Dourado”. Qualquer um dos cidadãos portugueses, tem essa possibilidade no You Tube de as ouvir na totalidade. O resto, a sentença final, o rótulo de inocente para os autores do “Apito Dourado”, será para sempre uma vergonha para os poucos adeptos do F.C. Porto, que ainda sabem o seu significado.

Nota: talvez seja aconselhável ao senhor Secretário de Estado do Desporto, um tal João Paulo Correia, rever a etimologia das palavras “pirómano e corruptor”, para que nos venhamos a entender.

“Vamos trabalhar meus caros concidadãos”

Depois de um período de silêncio motivado por uma pausa balnear na “estranja”, período de silêncio, mas que aproveitei para inúmeras reflexões, decidi voltar hoje às minhas divagações, reflexões e conclusões, diga-se, muito pessoais.

A primeira reflexão, que me ocorre, resulta da minha apreciação, quanto à aprovação do Orçamento de Estado para 2022 – mais do mesmo, nem outra coisa seria de esperar do socialista António Costa e seus pares ministeriais e parlamentares – quão me é doloroso verificar a falta de verticalidade, o excesso de “lealdade” partidária, fruto tantas vezes, não de análises pessoais, mas como consequência de uma cega obediência partidária e ideológica – recordo-vos aquela “estória da disciplina partidária” (leia-se, mordaça e, ou venda, ideológica).

O Portugal inteiro tem conhecimento, apesar das ainda muito frequentes telenovelas e outros programas festivaleiros altamente pedagógicos e culturais, que Portugal se encontra em termos de desenvolvimento na cauda da Europa, tal como se tivesse-mos sido vítimas de um qualquer conflito armado provocado por terceiras nações – nada disto felizmente aconteceu, antes acabamos vítimas da nossa pobreza cultural cada vez mais profunda consequente à prática ideológica de um Socialismo e Social-Democracia ultrapassada, incapaz de eliminar a intoxicação marxista, ou seja, eivada de tudo quanto de mau tem a utópica filosofia de Karl Marx – este viveu nos princípios do século XIX, mas agora estamos em pleno século XXI, entretanto o Mundo e a Humanidade sofreram profundas alterações – só em regimes ditatoriais ferozes como a Coreia do Norte e a Rússia de Putin sobrevivem tais ideologias, castrantes da dignidade humana, da liberdade, da verdadeira Democracia.

Decorreram já 48 (quarenta e oito) anos desde a Revolução de Abril, que a esta distância temporal já parece completamente esquecida – a Democracia então implantada só ainda sobrevive, porque os Portugueses são um povo amorfo, analfabeto político profundo, muito mais preocupado com o seu umbigo, muito pobre culturalmente falando, sofredor de uma crónica iliteracia, assaz conveniente aos interesses ideológicos vigentes e constantes – o marxismo nas suas diversas versões (comunismo, socialismo e social-democracia), que nos têm estupidificado ao ponto de a larga maioria de nós cair numa modorra, tal como a ligeira brisa da beira-mar, incapaz de aumentar a ondulação do mar.

Tive a rara oportunidade de assistir na T.V., canal RTP1, ao programa “Nós e a Finlândia” suficientemente elucidativo e altamente instrutivo, quanto à sua organização como país de vivência democrática – é uma república parlamentar, onde todos “puxam para o mesmo lado”, onde todos se preocupam com o seu país, com os seus concidadãos, todos defendendo normas de total transparência, por exemplo, no que concerne à fiscalidade – funciona com total acessibilidade, permitindo que qualquer cidadão tenha acesso aos dados fiscais de todos os seus concidadãos, desde o(a) primeiro(a) ministro(a) ao seu vizinho de apartamento – parece inacreditável, porém é realidade finlandesa.

“Quem não tem telhas de vidro, não teme a transparência”, mas realidade finlandesa não fica por aqui.

Por exemplo, em termos de acessibilidade aos serviços públicos de Saúde, uma consulta de Medicina Familiar é marcada no prazo máximo de 3 (três) dias, até parece obra da Marta Temido, aquela ministra da Saúde, que imagine-se é considerada pelos nossos eleitores como a mais competente (parece piada minha, mas é a realidade dos factos políticos em Portugal).

E a Finlândia tem um clima inóspito, dir-se-ia até impróprio para seres humanos viverem, tem apenas três (3) meses de luz solar. Isso não impede os finlandeses de trabalhar, de produzir a ponto do seu país estar colocado no pelotão dos países mais ricos da Europa versus a nossa vergonhosa posição no mesmo ranking, “orgulhosamente” quase na cauda da Europa, já ultrapassados por alguns países da antiga U.R.S.S. – mau demais para comer e calar – mas o nosso conhecido masoquismo, a nossa crónica estupidez, a isto nos impele.

A maioria absoluta atribuída a António Costa e ao seu P.S., abonam tudo quanto tenho escrito. Corrupção a todos os níveis sociais, é o apanágio dos portugueses, que orgulhosamente se reveem em figuras bem populares pelas piores razões. Sem ir mais fundo, recordar-vos-ei o escândalo do “Apito Dourado”, caso paradigmático dos “valores”, que aceitamos e nunca repudiamos, como a nossa dignidade de homens e cidadãos nos exigiria fazer.

Ainda muito recentemente o atual secretário de Estado do Desporto, um tal João Paulo Correia, foi ao Estádio do Dragão para almoçar e certamente confraternizar com aquela figura bem carismática do nosso dirigismo desportivo, concretamente do futebol profissional, um tal Pinto da Costa, apanhado em escutas telefónicas nada abonatórias para a Verdade Desportiva, mas que nesta farsa democrática em que vivemos, não foram consideradas como argumentos legais para perante a Justiça fazer face ao bicudo problema da corrupção desportiva.

Enfim, recordo-vos apenas um dos muitos factos de uma imensa parafernália com utilizações frequentes, mas sempre consideradas ambíguas, ou não fosse a chico-espertice a “qualidade intelectual” mais apreciada pelos Portugueses.

Lá reza o ditado:

“Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”.

OBS: diga-se, que no início do poste refiro ter estado fora do país (na estranja) a banhos, como diria Eça de Queirós, sem quaisquer resquícios de vaidade. Limitei-me à semelhança da minha vida pré-Abril de 74 a sair do país para respirar outros ares, ares de civilização, de democracia autêntica, tão sufocado andava com estas virtudes socialistas à portuguesa.

Vamos trabalhar meus caros concidadãos, vamos imitar os Finlandeses, os Suecos, os Noruegueses e tantos mais – boémia não é modo de vida.

“Aniversário do 1º de Maio”

Festejo hoje, o 48º aniversário do meu 1º de Maio em Liberdade, tendo-me sido proporcionada a oportunidade de me dirigir de viva voz aos muitos marcuenses, que enchiam a praça do município. Em palavras simples, saídas do coração, sentidas e comovidas, apontei-lhes o rumo a seguir, falei-lhes do que tratava a Democracia e da sua finalidade na nossa vida futura – recordo ainda hoje, que um dos aspetos negativos mais marcantes da “defunta ditadura” era a reconhecida violência e agressividade das forças policiais para com os cidadãos – fui testemunha demasiadas vezes de tais e tão bárbaros procedimentos – coronhada para cima, era a “tática” utilizada para lidar com a mínima e menor perturbação da ordem pública.

Nesse meu 1ª de Maio em Liberdade, quando me dirigi à multidão, recordo ainda hoje, declarei-lhes abertamente, que para futuro essa violência e agressividade das forças ditas policiais seriam já coisa do passado e durante muitos anos assim foi – mas o tempo corre, mudam-se as políticas partidárias e os governos, morrem uns e nascem novos agrupamentos partidários, a Democracia tantas vezes tratada a tratos de polé, apropriada por alguns como sua exclusiva propriedade, tantas vezes moldada como a plasticina de modo a fazer com que a cara diga com a careta, enfim, um desfortúnio para uns e um fortúnio apenas para aqueles que se consideram os eleitos e os escolhidos.

Pobre Democracia de Abril, bem tentaste medrar, mas o “terreno em que te plantaram” de tão pobre, a roçar o estéril, não te deixou medrar, crescer e frutificar – pudera, a Ditadura foi longa e muito dura, cerceou logo à nascença o mínimo botão germinal da Liberdade, é certo, mas seria só a ditadura a responsável por tal?

Seguramente que não, os genes da nossa primeira Democracia – a 1ª República de 1910 – talvez alterados por uma série de “qualidades inerentes aos lusitanos” – os tais, que já os Romanos apontavam como sendo um Povo que não se governava, nem se deixava governar – desde logo revelaram, que o comentário analítico do Império Romano era assaz assertivo – não se sabem governar, nem se deixam governar – assim sendo está explicada a “bandalheira” da 1ª República, que apenas sobreviveu 16 anos, mas que deu á luz SÓ 40 e tal governos, vários Presidentes da República, vários parlamentos, revoluções e contra revoluções, um homicídio de um Presidente da República (no caso, Sidónio Pais), etc., tudo frutos da mais que reconhecida ambição daqueles, que como os de agora, gastam horas e horas de retórica balofa para levar a água ao seu moinho.

Pobre Portugal, que tais filhos pariste!